sábado, 29 de setembro de 2007

Lixo tecnológico


Eu já tinha conseguido pegar a faixa da esquerda. Éram 18:00 em ponto. Raro olhar para o relógio e ver os ponteiros tão precisamente colocados nesses dois pontos.

Olhei pela janela e fui transportada para outra época. Lembrei-me dos meus primeiros computadores. Da invenção do disquete. De como éram elogiados por serem finos e leves. Lembrei-me de como era charmoso falar, ter ou usar um disco daqueles.

Lembrei os disquetes menores entrando no mercado e como foram ficando obsoletos os maiores. Em poucos meses de status traziam vergonha.

Desapareceram até o esquecimento. O que fazia um deles ali? Na mureta que divide o corredor de carros mais movimentado da maior cidade da América Latina.

Olhei mais atentamente e li sua etiqueta. Não era apenas um objeto que não cabia mais nesse mundo. Ele também era portador de um conhecimento descartável. Um conhecimento produzido para um tempo que se foi. Mais que isso, um conhecimento que não precisa mais ser dominado para se compreender o mundo hoje.

Pensei em quantas pessoas estudaram aquilo, inventaram, investiram suas vidas no estudo do programa descartado. Ele foi degrau para novos conhecimentos. Porém um degrau que se diluiu no ar. Como muitas tecnologias que produzimos hoje.

Aquele disquete é lixo. Jogado pela janela de um carro. Por que seu dono se desfez dele ali? Será que encontrou sua utilidade última? Provocar um prazer de arremesso infantil em seu dono?

Os carros andaram e ele ficou. No dia seguinte não estava mais lá. Já o esquecemos.

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